LAS DIVINAS
Arte como resistência
Arte como eros, intensidades e entusiasmos
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LAS DIVINAS – uma instalação onde cabem performances, desenhos, pintura e objectos transformados. Estrutura-se em função do espaço de um Museu que tem a escala de uma casa – um apartamento com um jardim no meio da cidade.
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arte, ciência, baixa tecnologia e vida enredados numa estrutura múltipla onde a experiência e a experimentação são uma matriz
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olhar para nós como quem olha para a paisagem que nos rodeia. Este é um velho hábito cada vez que começamos de novo
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são estes os tempos são estes que sonhamos? Que sonhos de vida temos para hoje e para amanhã?
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sentir-se com os dentes de fora e as mãos a abrir – sentir-se a cair no abismo – sentir que se toca o chão e o céu
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ambiguidades – hesitações – perturbações – desobediências – experimentar existir – ser como um Homo Sacer – o que significa em Latim: ser amaldiçoado; ser sagrado
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andamos olhando o chão e os olhos enchem-se de poeiras procurando o balanço perfeito de movimento e dança
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firmamentos acima onde os olhos se colam ao voo dos falcões, triângulos e andorinhas, esqueletos e nuvens, estrelas, sóis e luas
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pingos grossos de chuva – sorrisos na cara de cansaço e felicidade – neblinas e desorientação – prazeres e incertezas
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inconsistências, discrepâncias, variações, irregularidades, mutações, imprevisibilidades, metamorfoses, contradições, conflitos: tudo isto faz parte de qualquer tentativa para definir os artistas e aqueles que apreciam a vida
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Homo Sacer – pessoas que no império romano eram banidas e mortas por qualquer um, mas não podiam ser sacrificados em rituais religiosos. O Homo Sacer está excluído de todos os seus direitos sociais e a sua vida acredita-se que é “santa” num sentido negativo. Giorgio Agamben descreve o homo sacer como um individuo que existe dentro da lei como quem vive num exílio. Há algum paralelismo com a vida que vivemos hoje em dia?
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recordar os sonhos onde as pessoas se movem às voltas sem sentido, em jardins de cidades, caminhando nuas com pedras na cabeça. Como funâmbulos no circo fazendo truques em silêncio
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quartos cheios de artistas durante três noites fazendo performances muito simples cruzando biografias e histórias, futuro e passado transfigurados – entre o céu e a fúria, entre a fúria e a terra – estamos juntos – sem nada – directamente de nós para nós mesmos
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